(Imagem: Divulgação)
Sábado, 13 de julho de 2013, 11h00min .
|
Praça 19 de Dezembro - Praça da Mulher Nua!
|
MANIFESTO DA MARCHA DAS VADIAS DE CURITIBA – 2013
DESCONSTRUINDO O MACHISMO DENTRO DE TODXS NÓS
Construímos uma sociedade machista e violenta e atualmente passamos a nos
assustar com a realidade dessa violência. Curitiba está entre as cidades mais
desiguais da América Latina e entre as capitais brasileiras que mais mata
pessoas que não se enquadram no padrão normativo da sociedade.
Acreditamos que a causa de toda essa violência reside na organização da
sociedade patriarcal contemporânea enquanto manifestação de relações de poder
desiguais, que criam inúmeras formas de exclusão, opressão e violência. O
machismo é face mais visível destas relações e acaba por nos tornar reféns dos
comportamentos opressores que reproduzimos todos os dias. Faz parte de nós, da
nossa educação, dos valores que aprendemos na escola, nos programas de TV, em
casa.
Por isso, em 2013 marchamos para desconstruir o machismo que há em todxs nós.
Desconstruir o machismo que determina, antes mesmo de nascermos, os nossos
corpos e prazeres. Nossos corpos são produzidos e recebemos regras para
exercê-los: meninos devem vestir azul, gostar de futebol, gostar de briga e não
podem expressar seus sentimentos. Meninas devem usar rosa, brincar de casinha,
ser submissas e delicadas. Identidades de gênero artificiais, criadas
socialmente, que nos aprisionam em regras e normas de comportamento e
personalidade.
Desconstruir o machismo que critica a sexualidade feminina e condena o seu
livre exercício. Mas, ao mesmo tempo, reforça a hipersexualização de meninas e
mulheres, desde que a serviço do prazer masculino. Todos os dias vemos um
desfile de peitos e bundas, de corpos moldados, brilhantes e padronizados,
expostos e impostos a todxs, como se realmente as mulheres fossem donas de seus
corpos. Não são, pois quando decidem assumir seu desejo são chamadas de vadias.
Esse mesmo machismo vem acompanhado de racismo e cria a ideia de que todxs xs
não-brancxs são inferiores. Na nossa sociedade machista e racista os homens
negros são relegados à marginalidade e as mulheres negras são
hipersexualizadas. Mulheres que não são brancas não têm direito ao seu próprio
corpo, à sua negritude, à sua etnia indígena. Dificilmente são retratadas na
mídia e quando são aparecem como objetos exóticos, para serem admirados como um
atração diferente e sexualizada.
Desconstruir o machismo que tolera a violência contra x diferente, contra quem
ousa lutar por liberdade. O machismo que justifica o estupro e atribui a culpa
pela agressão à própria vítima: “Estava pedindo”, “Ela é mulher fácil”, “É uma
vadia mesmo”, “Mulher gosta de apanhar”, “Estava bêbada”, “Estava usando roupa
curta”, “Ela provocou”... O machismo que violenta também os homens, e não só os
gays, mas todos os que não se enquadram num suposto padrão de
heteronormatividade: as “bichinhas”, “os boiolas”, os caras que não se comportam
como “macho”. Estes são argumentos usados todos os dias, por todas as pessoas,
para reforçar a opressão e a impunidade. A violência do machismo deixa marcas e
destrói vidas. E, ao contrário do que se pensa, x agressxr não é alguém
desconhecidx. Geralmente é uma pessoa do círculo de convivência, na qual a
vítima confia. Precisamos urgentemente mudar a nossa educação e criar uma
conscientização para que possamos acabar com a tolerância machista.
Temos que nos levantar diante dos diferentes tipos de machismos, inclusive os
que vêm acompanhados pela transfobia, lesbofobia e racismo. Porque não importa
qual a sua identidade (brancx, negrx, hétero, lésbica, gay, cis, trans*, etc) o
que importa mesmo é que nós cuidamos umx dx outrx.
Venha marchar conosco e dizer não ao machismo. O meu, o seu, o de todxs nós.
RESISTA, RESPEITE, VENHA PRA LUTA!