Nesta coxia o nosso assunto é principalmente a cena cultural local!

domingo, 22 de dezembro de 2013

Núcleo de Dramaturgia busca “assinatura” autoral

(Fonte: Jornal Gazeta do Povo - Imagem: Elenize Dezgeniski/Divulgação)

Grupo de estudos de teatro que treina escritores e encenadores apresenta até amanhã mostra de trabalhos inventivos

Lá se vai o quinto ano do Núcleo de Dramaturgia do Sesi, uma das boas iniciativas do teatro paranaense recente. E a mostra de trabalhos que se encerra amanhã, após duas semanas de apresentações, revela os benefícios do trabalho constante, persistente, que não muda de rumos a cada instante.

“Essa é a única mostra de peças ‘de escola’ do país que pretende inventar alguma coisa. Nas demais, trata-se de ensinar a repetir uma tradição”, acredita a jornalista cultural e crítica de teatro Soraya Belusi. Ela participou durante a primeira semana como resenhista convidada – os textos podem ser lidos em www.gazetadopovo.com.br/cadernog.

Quanto ao “resultado” dos participantes do núcleo, que, em muitos casos, permanecem por mais de um ano no grupo, a opinião das críticas é que a turma ainda deve ser considerada em formação. “É preciso tempo para que esses dramaturgos e encenadores construam poéticas autorais”, explica Soraya.

A diferenciação do trabalho de cada aluno é um desejo manifestado pelo diretor do núcleo, Roberto Alvim, que funciona como mentor dos jovens participantes – mas é inevitável que surjam semelhanças entre sua estética, muito própria, e a dos pupilos.

Entre os exemplos de alunos que buscam trilhar um caminho próprio estão, na opinião da jornalista Luciana Romagnolli, que ministrou uma oficina de crítica dentro da mostra, Ana Johan e Talita Neves, que criaram o espetáculo Histórias de Cachorros e Outros Animais e Jean Carlos Godoi, que apresentou Toraxx, com texto e direção seus. “Devastidão, do Andrew Knoll, também consegue criar uma cena própria, usando elementos do sistema cênico do Alvim sem se prender a eles. O resultado visual é forte”, disse à Gazeta do Povo.


Peça "Devastidão": fissuras onde o invisível pode se materializar

Por: SORAYA BELUSI
Foto: Elenize Dezgeniski 

Um desenho meticuloso de luz e sombra que ambiciona fazer ver o invísivel, instaurar tempos e espaços que não se conformam ao presente, criar presenças e mundos cohabitados pelo humano e seus vultos e estados d'alma. A fruição estabelecida pelos procedimentos escolhidos pelo diretor David Mafra para "devastidão", de Andrew Knoll, privilegia mais aos olhos que aos ouvidos, mesmo quando o espectador está tomado pela escuridão.

A duplicidade se estabelece já na contraposição entre signos do etéreo e do concreto, como a fluidez da camisola e a rudeza da escultura de metal. Pequenos picos de luz apresentam um corpo feminino que, ao decorrer da encenação, vai dando lugar a outras formas possíveis, criadas pela manipulação direta da luz, que acentua apenas partes, lados, silhuetas, desfigurando a imagem inicial.

O som, como elemento também desta dramaturgia, aponta para mobilizações também de caráter criador, como presença vibratória e repetitiva, outras vezes ritual (pela oração), mas se fragiliza quando assume teor melodicamente reconhecível.

O rigor e a artificialidade presentes na encenação não reverberam para a apropriação da palavra, correndo o risco de deixar o texto em segundo plano, fragilizando a dramaturgia que detona todos esses mundos que se pretende construir com a evocação-invocação de tempos, espaços e vozes emolduradas em situações que são destruídas no segundo seguinte no texto de Andrew Knoll.

Os efeitos de provocar novos modos de subjetivação ao desestabilizar também o olhar se mostram eficientes embora tomem como ponto de partida recursos já experimentados à exaustão, como a utilização de lanternas manipuladas pelos próprios atores e o jogo de formas com o lençol. Mas a força das presenças (e imagens) que estabelecem é maior em alguns momentos que o reconhecimento do clichê, ou seja, borra-se a percepção do espectador, abrindo fissuras em sua racionalidade, tornando-o capaz de experienciar a potência para a alteridade.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Espetáculo é uma experiência de imersão e exploração dos sentidos

(Divulgação)

O solo de dança DNA de DAN estreou dia 3 e cumpre temporada com 12 apresentações até dia 15 de dezembro, de terça a domingo, no gramado do Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba. Idealizado pelo performer Maikon K em colaboração com a atriz Kysy Fischer, o espetáculo foi contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2012. A pesquisa para a montagem partiu da associação entre a simbologia da serpente ancestral DAN (era assim chamada numa região específica da África) e a molécula de DNA, síntese da origem da vida.
A encenação acontece dentro de um ambiente inflável criado pelo artista plástico Fernando Rosenbaum, proporcionando ao público uma experiência de imersão.
Segundo Maikon K, o espetáculo é um convite para se entrar em um lugar desconhecido. “A intenção é oferecer uma experiência sensorial. Minha busca é por ativar no meu corpo e no das outras pessoas sensações que normalmente não são experimentadas na vida cotidiana, propiciando a conexão com diferentes estados de presença”.
A relação da serpente ancestral com a hélice dupla de DNA serve como metáfora condutora para o espetáculo. DNA de DAN fala do mergulho humano dentro de suas profundezas psíquicas, de seu ciclo de nascimento e morte, prazer e dor.
Ao propor este espetáculo, Maikon K dá continuidade e aprofunda o estudo cênico que já vem desenvolvendo. “Quero utilizar essa proximidade para estabelecer uma comunicação mais intensa e sensorial com a plateia. Descobrir como minha arte pode se transformar num encontro mais direto com o outro e vice-versa.”
Espetáculo contemplado com o Prêmio Funarte Petrobras de Dança Klauss Vianna 2012.

SERVIÇO:
DNA de DAN
De 3 a 15 de dezembro, de terça-feira a domingo, às 20h.
Gramado do MON.

Entrada Franca.

MON Convida

(Divulgação)


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Pancrácio

(Imagem: Divulgação)

Lançamento
Pancrácio, de Otavio Linhares
Esfacelamento das relações e pesquisa estética estão no centro da estreia do autor curitibano


Pode-se dizer que Pancrácio, livro de estreia de Otavio Linhares, tem duas origens: na frase “toda mulher é um ser esculpido em nuvens” e na experimentação. A primeira é o ponto de partida para a criação do personagem-narrador da novela Pancrácio (do qual não sabemos nome ou idade), extremamente duro consigo mesmo e desgostoso com o mundo. Não apenas o fracasso com as mulheres é visível na sua fala, mas um esfacelamento maior — da existência, talvez. Assim, não há saída para este homem, rejeitado até mesmo pela Morte; sua sentença é a vida.

Sua verdadeira forma, porém, só é acessível ao leitor, que acompanha seus pensamentos caóticos, sem filtros. Visto de fora, este personagem é o que o autor identifica como curitibano típico: sempre calado, não transparece seus sentimentos — engole-os. Com o tempo, porém, isso vira uma bomba. E é a sua explosão que dita a estética da novela: uma prosa intensa e veloz, que dispensa vírgulas e explicações.

A pesquisa estética continua nos onze textos curtos que integram o livro Pancrácio. Escritos após a finalização da novela, eles buscam na forma a solução para o que se quer expressar, e a expansão dos limites do texto literário. Desta maneira, o autor rejeita não só as convenções, mas escreve com o objetivo de expandir o que já foi feito — a questão não sendo um resultado bom ou ruim, e sim o novo.

Lançamento
Dia 07 de dezembro, sábado, às 16h, na Livraria Arte & Letra
(Al. Presidente Taunay, 40 — Curitiba/PR)

Trecho
“é preciso destravar o cérebro. apontá-lo para frente. banir as dores de cabeça. exercito meia dúzia de pensamentos soltos. me divirto. sou um halterofilista da imaginação. penso em coisas bizarras. deixo as imagens se encaixarem umas nas outras. faço o filme na minha cabeça. gosto disso. não dou risadas. depois esqueço tudo. e faço mil vezes. e mais mil vezes. e mais mil vezes. e esqueço sempre. não quero migalhas. reviver o passado escavando dentro de si a própria tumba é a maldição de estar vivo. são apenas pequenas estórias matinais. estorinhas que moram no meu quasessono. que fiquem por lá.”

O autor
Otavio Linhares nasceu em Curitiba (PR), em 1978. Com formação em Filosofia, História e Artes Cênicas, é editor da revista de literatura Jandique e do seloEncrenca.

O selo
Criado em setembro de 2013, em Curitiba (PR), Encrenca — Literatura de Invenção aposta em textos singulares e que tratem de temáticas originais.Pancrácio é o terceiro livro de Encrenca, que já publicou o romance Réquiem para Dóris, de Oneide Diedrich, e as ficções de Luiz Felipe Leprevost emSalvar os pássaros.

Pancrácio, de Otavio Linhares
Encrenca — Literatura de Invenção
11,5 x 20,5 cm • ISBN 978-85-60499-47-2 • 136 págs. • R$ 28

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Mostra de dramaturgia revela novas produções teatrais paranaenses

(Fonte: SESI CULTURAL)

Mostra de Dramaturgia 2012

Mostra do Núcleo de Dramaturgia Sesi - Teatro Guaíra apresenta espetáculos experimentais da nova geração de dramaturgos e diretores locais
Entre os dias 3 e 15 de dezembro, o público curitibano vai poder assistir a 16 montagens teatrais escritas e dirigidas pela nova geração de dramaturgos e diretores paranaenses, integrantes do Núcleo de Dramaturgia Sesi – Teatro Guaíra.  A Mostra de Dramaturgia Sesi – Teatro Guaíra 2013 acontece no Teatro José Maria Santos e tem entrada gratuita.
As peças apresentadas são resultado das oficinas do Núcleo de Dramaturgia e de Encenação, orientadas por Roberto Alvim, Ruy Filho e Antonio Rogério Toscano. O Núcleo, desde 2009 reúne em turmas iniciante e avançada interessados em desenvolver e aprofundar os conhecimentos na área dramatúrgica. Atualmente, o projeto abrange nove cidades paranaenses, incluindo Curitiba, Guarapuava, Ponta Grossa, União da Vitória, Irati, Foz do Iguaçu, Pato Branco, Londrina e Maringá.
Data
Atividade
Horário
03/12
Início do Ateliê de Crítica Teatral com Luciana Romagnolli. Inscrições Encerradas!
14h
“Gafanhoto” de Paulo Zwolinski, Direção Don Correa
20h
Bate-papo com Georgette Fadel e Coquetel de Lançamento 
21h
04/12
“A Multidão num Mínimo espaço de fúria e Medo” de Alexandre França,  Direção Solange Rodrigues
20h
05/12
“Toraxx” Texto e Direção Jean Carlos de Godoi
19h
“Coração de 29 Polegadas” Texto e Direção Léo Moita
21h
06/12
“Histórias de Cachorros e Outros Animais” de Ana Johan, Direção Talita  Neves
20h
07/12
Último dia do Ateliê de Crítica Teatral com Luciana Romagnolli
14h
“Frenesi” Texto e Direção Raquel Schaedler
20h
Bate Papo com  Marcio Abreu e  Luis Melo
21h
08/12
“Devastidão” de Andrew Knoll, Direção David Mafra
20h
10/12
“Full Contakt” Texto e Direção Andrew Knoll
19h
“Asas da Boca” de Léo Moita, Direção Murilo Cesca
21h
11/12
“Hipotermia” de Max Reinert, Direção Gerson Delliano
19h
“Corte Pálido” de Andrew Knoll, Direção Carolina Meinerz
21h
12/12
“Eu Também”de Lucas Lassen, Direção Lavínia Pannunzio - Leitura  Dramática Convidada - Núcleo de Dramaturgia SESI - British Council
19h
“Again agora e ainda” de Carol Damião, Direção Jean Carlos de Godoi -  Núcleo Iniciante  2012
21h
13/12
Leitura Dramática “Ensejos” Texto Kely Varella – Núcleo Iniciante 2012
18h
Leitura Dramática "Tudo o mais" de Teresa Borges - Núcleo de Dramaturgia  SESI - British Council - Direção Diego Fortes
19h
“Inuma (Expansão I) Exuma (Expansão II)” Texto e Direção Cynthia Becker
21h
“Louvores” Texto de Cynthia Becker, Direção Melissa Barbosa
21h
14/12
“Mar” Texto e Direção Alexandre Lautert - Núcleo Iniciante 2012
18h
“A Sopa” de Silvia Monteiro, Direção Alex Wolf
20h
15/12
“Fim” de João Agner, Direção Tiago Batista
19h
“Sete” de Dione Carlos, Direção Thadeu Perone
21h

ENTRADA FRANCA
Dia: 03 a 15 de dezembro
Local da apresentação das peças: Teatro José Maria Santos - Centro Cultural Teatro Guaira
Endereço: Rua 13 de maio, 655 - São Francisco. Curitiba
Crítica Convidada: Soraya Belusi fará as críticas das peças do dia 03 a 08 de dezembro. Saiba mais >>
Informações:
(41) 3322-7150 / 3304-7954 
*Críticas, programação e informações: