Grupo de estudos de teatro que treina escritores e
encenadores apresenta até amanhã mostra de trabalhos inventivos
Lá se vai o quinto ano do Núcleo de Dramaturgia do Sesi, uma
das boas iniciativas do teatro paranaense recente. E a mostra de trabalhos que
se encerra amanhã, após duas semanas de apresentações, revela os benefícios do
trabalho constante, persistente, que não muda de rumos a cada instante.
“Essa é a única mostra de peças ‘de escola’ do país que
pretende inventar alguma coisa. Nas demais, trata-se de ensinar a repetir uma
tradição”, acredita a jornalista cultural e crítica de teatro Soraya Belusi.
Ela participou durante a primeira semana como resenhista convidada – os textos
podem ser lidos em www.gazetadopovo.com.br/cadernog.
Quanto ao “resultado” dos participantes do núcleo, que, em
muitos casos, permanecem por mais de um ano no grupo, a opinião das críticas é
que a turma ainda deve ser considerada em formação. “É preciso tempo para que
esses dramaturgos e encenadores construam poéticas autorais”, explica Soraya.
A diferenciação do trabalho de cada aluno é um desejo
manifestado pelo diretor do núcleo, Roberto Alvim, que funciona como mentor dos
jovens participantes – mas é inevitável que surjam semelhanças entre sua
estética, muito própria, e a dos pupilos.
Entre os exemplos de alunos que buscam trilhar um caminho
próprio estão, na opinião da jornalista Luciana Romagnolli, que ministrou uma
oficina de crítica dentro da mostra, Ana Johan e Talita Neves, que criaram o
espetáculo Histórias de Cachorros e Outros Animais e Jean Carlos Godoi, que
apresentou Toraxx, com texto e direção seus. “Devastidão, do Andrew Knoll,
também consegue criar uma cena própria, usando elementos do sistema cênico do
Alvim sem se prender a eles. O resultado visual é forte”, disse à Gazeta do
Povo.