Lançamento |
Esfacelamento das relações e pesquisa estética estão no
centro da estreia do autor curitibano
Pode-se dizer que Pancrácio, livro de estreia de Otavio
Linhares, tem duas origens: na frase “toda mulher é um ser esculpido em nuvens”
e na experimentação. A primeira é o ponto de partida para a criação do
personagem-narrador da novela Pancrácio (do qual não sabemos nome ou
idade), extremamente duro consigo mesmo e desgostoso com o mundo. Não apenas o
fracasso com as mulheres é visível na sua fala, mas um esfacelamento maior — da
existência, talvez. Assim, não há saída para este homem, rejeitado até mesmo
pela Morte; sua sentença é a vida.
Sua verdadeira forma, porém, só é acessível ao leitor, que
acompanha seus pensamentos caóticos, sem filtros. Visto de fora, este
personagem é o que o autor identifica como curitibano típico: sempre calado,
não transparece seus sentimentos — engole-os. Com o tempo, porém, isso vira uma
bomba. E é a sua explosão que dita a estética da novela: uma prosa intensa e
veloz, que dispensa vírgulas e explicações.
A pesquisa estética continua nos onze textos curtos que
integram o livro Pancrácio. Escritos após a finalização da novela, eles
buscam na forma a solução para o que se quer expressar, e a expansão dos
limites do texto literário. Desta maneira, o autor rejeita não só as
convenções, mas escreve com o objetivo de expandir o que já foi feito — a questão
não sendo um resultado bom ou ruim, e sim o novo.
Lançamento
Dia 07 de dezembro, sábado, às 16h, na Livraria Arte &
Letra
(Al. Presidente Taunay, 40 — Curitiba/PR)
Trecho
“é preciso destravar o cérebro. apontá-lo para frente. banir
as dores de cabeça. exercito meia dúzia de pensamentos soltos. me divirto. sou
um halterofilista da imaginação. penso em coisas bizarras. deixo as imagens se
encaixarem umas nas outras. faço o filme na minha cabeça. gosto disso. não dou
risadas. depois esqueço tudo. e faço mil vezes. e mais mil vezes. e mais mil
vezes. e esqueço sempre. não quero migalhas. reviver o passado escavando dentro
de si a própria tumba é a maldição de estar vivo. são apenas pequenas estórias
matinais. estorinhas que moram no meu quasessono. que fiquem por lá.”
O autor
Otavio Linhares nasceu em Curitiba (PR), em 1978. Com
formação em Filosofia, História e Artes Cênicas, é editor da revista de
literatura Jandique e do seloEncrenca.
O selo
Criado em setembro de 2013, em Curitiba (PR), Encrenca —
Literatura de Invenção aposta em textos singulares e que tratem de
temáticas originais.Pancrácio é o terceiro livro de Encrenca, que já
publicou o romance Réquiem para Dóris, de Oneide Diedrich, e as ficções de
Luiz Felipe Leprevost emSalvar os pássaros.
Pancrácio, de Otavio Linhares
Encrenca — Literatura de Invenção
11,5 x 20,5 cm • ISBN 978-85-60499-47-2 • 136 págs. • R$ 28
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